Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Às 23h

Livros na Minha Cabeceira

Às 23h

Livros na Minha Cabeceira

A Princesa do Gelo - Camilla Läckberg

Sara, 01.04.13


Ficha Técnica:

Autor: Camilla Läckberg

Editora: Oceanos, Leya

Título Original: ISPRINSESSAN

ISBN: 978-989-23-0672-8

N.º Pág.: 399

 





Sinopse:

"De regresso à cidadezinha onde nasceu depois da morte dos pais, a escritora Erica Falk encontra uma comunidade à beira da tragédia. A morte da sua amiga de infância, Alex, é só o princípio do que está para vir.

Com os pulsos cortados e o corpo mergulhado na água congelada da banheira, tudo leva a crer que Alex se suicidou.

Quando começa a escrever uma evocação da carismática Alex, Erica, que não a via desde a infância, vê-se de repente no centro dos acontecimentos. Ao mesmo tempo, Patrik Hedström, que investiga o caso, começa a perceber que as coisas nem sempre são o que parecem.

Mas só quando ambos começam a trabalhar juntos é que vem ao de cima a verdade sobre aquela cidadezinha com um passado profundamente perturbador.”

 

Opinião:

Assim que ouvi falar de uma escritora que era considerada como a nova Agatha Christie, quis conhecer Camilla Läckberg e o seu livro A Princesa de Gelo! Foi então com imensas expectativas que iniciei esta leitura…

Achei a primeira parte desta leitura bastante envolvente. Alex é encontrada morta na banheira tendo, aparentemente, cometido suicídio. No entanto, após a autópsia, essa hipótese é colocada de parte e surgem vários suspeitos com fortes razões para terem cometido esse crime.

Erica, a sua melhor amiga de infância e agora escritora, é convidada pelos pais de Alex a escrever um panegírico para ser publicado no jornal da região e é através de Erica que vamos conhecendo Alex, à medida que vai reconstituindo todos os seus passos.

Alex é uma pessoa misteriosa, que parece esconder algo sobre o seu passado. Mantém uma relação bastante distante com o marido e até com a sua amiga de faculdade com quem abriu uma galeria de arte. E o mesmo acontece com os seus pais e irmã. Mas nem sempre foi assim. Até aos seus 12 anos, Alex brincava com Erica e era uma criança vivaça mas, subitamente, Alex distanciou-se de todos, incluindo de Erica e, pouco tempo depois, mudou-se com a família para a Suiça.

A narração vai alternando entre Erica, Patrik e as restantes personagens, o que torna a leitura ainda mais fascinante à medida que se vai conhecendo as ideias e reflexões de cada um.

Ao longo da leitura perdi um pouco do entusiasmo. Parece que o suspense da história nos prepara para um final arrebatador e, para além da leitura se tornar um pouco monótona, fiquei bastante desiludida com a personagem escolhida para autor do crime…

 

Atenção: contém spoilers!

Tanto na narrativa principal que gira em torno da investigação da morte de Alex, como na restante história, a escritora desenvolve alguns temas bastante delicados.

 

A razão que está por detrás do assassínio de Alex remonta à sua infância. Alex, juntamente com outras crianças, foi molestada por um professor, acabando por engravidar. Os pais decidem abafar o assunto, acreditando estar a fazer o melhor pelos seus filho. As crianças são então obrigadas a viver constantemente com os fantasmas do passado, sem poder enfrentá-los. Anders encontra consolo na bebida, acabando por se suicidar; Jan era uma criança já desequilibrada quando foi adoptado pela família Lorentz, e depois de sofrer nas mãos do molestador, planeia a sua vingança, tornando-se o único herdeiro de uma verdadeira fortuna; Alex, após 25 anos a viver afastada de todos, decide recomeçar a sua vida e enfrentar os fantasmas do passado, sendo assassinada antes de poder contar toda a verdade.

O segredo será mantido pelos pais por acreditarem piamente de que isso será melhor para as crianças? Com o passar dos anos, o silêncio parece ter consequências ainda mais graves do que o inferno que estas crianças viveram e custa acreditar que o segredo não terá sido mantido apenas para evitar o escândalo…

Em paralelo com esta questão, assistimos a um caso de violência doméstica no seio familiar de Anna, irmã de Erica.

Erica que nunca tinha simpatizado com Lucas, principalmente por ver a irmã anular-se perante ele, desconfia que a situação poderá ser ainda pior do que imaginava quando é obrigada por Lucas, através da irmã, a vender a casa dos seus pais recentemente falecidos. Ameaçada por Lucas, Erica tenta abrir os olhos à irmã e não compreende por que razão insiste em manter-se casada com um homem manipulador.

Anna planeava ingressar na faculdade quando conheceu Lucas. Fascinada por Lucas, Anna desiste dos seus sonhos para se tornar sua esposa e mãe dos seus filhos. Mas, entretanto, Lucas releva-se e começa a maltratar Anna, que se mantém submissa, arranjando desculpas para o comportamento violento do seu marido. Talvez se fosse melhor mulher, melhor mãe e melhor dona de casa, Lucas não teria razões para a castigar. Dado que as situações de violência acontecem apenas entre o casal, Anna convence-se de que será sempre assim. Um dia, Lucas perde a cabeça e atira a filha de três anos contra a parede.

Será que Anna, tal como outras mulheres que passam por situações semelhantes, acreditava que isso nunca iria acontecer? Que as crianças não corriam perigo de vida? Ou será que acreditava conseguir mudar o comportamento de Lucas?

 

Citações:

“Há muito que Erica não ia àquela casa, mas em tempos conhecera-a bem, e sabia onde era a casa de banho. Estremeceu de frio, apesar das suas roupas quentes. Abriu lentamente a porta da casa de banho e entrou.“

 

“Apesar de não desejar realmente levar a cabo aquela tarefa, em abono da verdade, uma ideia começou a germinar no seu cérebro de escritora. Erica afastou o pensamento e sentiu-se uma pessoa má só por tê-lo tido, mas ele persistia e recusava-se a partir. Uma ideia para um livro seu: a ideia que há muito tempo procurava estava mesmo à sua frente. O relato de uma mulher para cumprir o seu destino. Uma explicação sobre o que levara uma mulher jovem, bonita e obviamente privilegiada a uma morte auto-infligida.”

 

“Eram cuidadosos para não deixarem que ninguém alguma vez os visse juntos. Isso destruiria a magia. O feitiço quebrar-se-ia e não conseguiriam manter a realidade ao largo. A realidade era algo que tinha de ser evitado a qualquer custo. Era feia e cinzenta e não tinha nada a ver com o mundo de sonho coberto de sol que conseguiam construir quando estavam juntos (…) Por si só, cada um deles não era ninguém. Juntos, eram os Três Mosqueteiros.”  

 

 

Pontuação: 3/5 - Gostei mas ficou aquém das expectativas

1 comentário

Comentar post